quarta-feira, 15 de novembro de 2023

15 DE NOVEMBRO - DIA NACIONAL DA UMBANDA

 SARAVÁ UMBANDA!!!!!


Hoje, assim como em todos os nossos dias, é dia de saudar a UMBANDA por tudo que ela é em nós e para nós e por ser dia 15 de NOVEMBRO, em que pela Lei nº 12.644, publicada no Diário Oficial da União, em 17/05/2012, foi instituído neste dia, o "DIA NACIONAL DA UMBANDA". E de onde veio a inspiração para esta data? Ela veio de um episódio ocorrido no dia 15 de novembro de 1908, na Federação Espírita de Niterói, que passou a ser considerado como o marco referencial que oficializou a Umbanda como religião no Brasil. Mas é importante destacar que não é este acontecimento e esta data que fizeram a Umbanda ser uma religião, ou que ela já não existisse antes como prática religiosa. O  que ocorreu foi que o acontecimento que ficou conhecido a partir dessa data, marcou a sociedade da época e levou ao reconhecimento público da Umbanda, em meio a tantas perseguições sofridas pelas pessoas e lugares que vivenciavam práticas religiosas de matriz africana. 

E qual seria então a origem da Umbanda? Diversas são as origens que podemos citar em relação ao nome, ao culto em si, aos fundamentos, ritualísticas, inclusive origens mais remotas, que transcendem o tempo e o espaço. Uma das origens seria há milênios, através de antigas civilizações e de continentes perdidos, pelas transformações do nosso planeta, a Lemúria, que seria conhecida como o 3º continente, que abrangia o continente Africano e as Américas, em um só território, sendo um berço raiz civilizatório do planeta. Do Continente Lemuriano, depois de muitas modificações, surge Atlântida, uma civilização evoluída, o continente perdido, que submergiu no grande dilúvio, há mais de 9 mil anos antes de Jesus Cristo. Dos que sobreviveram ao afundamento do continente, os chamados "herdeiros de Atlântida", grande parte se instala no que hoje conhecemos como Egito e tem suas histórias desenvolvidas nas histórias mais remotas dos faraós. O centro do continente Lemuriano, teria sido a região central do Brasil, onde é hoje o Planalto Central e a língua da época, teria sido o tronco da língua tupy, dos povos originais do Brasil e da América Central, o chamado "Caminho Remanescente", da onde há milênios a Umbanda se origina, como a "Palavra Pedida de Agartha". 

Outra referência citada em alguns registros, coloca a palavra Umbanda como originária do idioma Sanscrito, que como língua tem origem desconhecida, mas sabe-se que é falada por algumas pessoas na Índia e que teria sido introduzida lá pelos guerreiros Arianos, provenientes da Ásia Central, por volta de 1.900 a 600 anos antes de Cristo. No idioma Sanscrito, o sentido da palavra Umbanda seria: "aum" = a Divindade Suprema; "ban" = conjunto ou sistema; "dhã" = regra ou lei; "Aumbandhã" = conjunto ou princípio das Leis Divinas. A referência do nome advindo do Sanscrito se popularizou e assim passou a ser utilizado como origem, a partir de 1941, no 1º Congresso de Espiritismo de Umbanda no Brasil, tendo como base, as "Upanishads", textos sagrados da Índia, escritos em Sanscrito.

Ainda em relação a palavra, temos outra referência que traz a origem africana, como sendo o termo originário da palavra "embanda", da língua quimbunda de Angola, significando "magia", "arte de curar". Ainda na origem africana, também vamos encontrar a palavra "mbanda", significando também "a arte de curar" ou ainda "o culto pelo qual o sacerdote curava" e "o Além, onde moram os espíritos". Essa versão foi ocultada por muitos anos e pouco comentada, mas tem sido mais presente entre as discussões sobre a religião, se destacando para nós como referência do afrocentrismo em oposição ao eurocentrismo. 

Em relação ao dia 15 de novembro, sobre o evento que marca o que muitos consideram como o nascimento da Umbanda como religião, o marco referencial foi a chegada daquele que se autodenominou "Caboclo das Sete Encruzilhadas", na sede da Federação Espírita de Niterói, através de um rapaz de 17 anos chamado Zélio Fernandino de Moraes. Ao se manifestar, o espírito, a princípio rejeitado pelos que dirigiam aquela sessão, que achavam estar diante de espírito atrasado, ou até mesmo um perturbador, recebem entre as respostas do mesmo o seguinte anúncio:

"Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho (o médium Zélio) para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem saber o meu nome, que seja este: 'Caboclo das Sete Encruzilhadas", porque não haverá caminhos fechados para mim. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos."

O jovem Zélio até então, pouco sabia sobre "manifestações espirituais", se preparava para ingressar na Escola Naval quando foi acometido por sensações que o levavam a mudar seu comportamento e que a família chegou a chamar de "ataques", tendo até mesmo alguns médicos sugerido que poderia ser um quadro de loucura. Mas a partir daquela data, um novo caminhar se abre na vida daquele rapaz e no dia seguinte, na casa de sua família, conforme anunciado no dia anterior, pontualmente as 20 horas, o "Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporou em Zélio e reafirmou: 

"Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, a raça, credo ou posição social. 'A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto'."

A partir da propagação desse evento, a Umbanda veio ao longo dos anos se fortalecendo ainda mais, ganhando espaços, sendo reconhecida como religião, os praticantes foram se organizando entre si, buscando a legalização de seus espaços religiosos, surgem as chamadas Federações de Umbanda, como a União Espírita de Umbanda do Brasil (UEUB), uma tentativa de unificar as práticas religiosas e também com o propósito de assessorar juridicamente e legalmente os templos de fé, uma vez que, era muito comum, que os templos fossem invadidos pela polícia, com acusação de vadiagem, conforme artigo do próprio Código Penal Brasileiro da época, levando muitas Casas a exibirem seus alvarás nas paredes e seus livros de registro da instituição social e filantrópica, que tinha como fundamento, a pratica da caridade, da assistência social, estabelecendo três conceitos básicos: Luz, Caridade e Amor. 

Imagem: Símbolo criado pela Associação de Umbanda Caxias (AUC), para representar a  Bandeira Nacional da Umbanda, formado por um sol que representa a Luz Divina e um espectro humano saindo do núcleo solar, simbolizando a caminhada cósmica do ser humano rumo à sua evolução espiritual.

Quando analisamos todo esse percurso, as diversas origens e defesas de cultos na Umbanda, em meio a tanto preconceito às práticas africanas, pelo racismo impregnado e institucionalizado, percebemos que alguns dos movimentos podem ser considerados como uma tentativa de "embranquecimento" da Umbanda. Durante muito tempo, ouvimos expressões como "Umbanda Branca", em comparação a prática de alguns Terreiros, criticados por não se encaixar num modelo que foi proposto e que não funcionou, porque a própria natureza da Umbanda é a liberdade, a diversidade e o movimento. Podemos dizer que vivemos uma dicotomia, a Umbanda, tendo em seus trabalhos, as manifestações de Pretos Velhos, Exus, Caboclos, entre outras Entidades Populares, é ao mesmo tempo negada na sua origem africana e sendo colocada numa classificação de um espiritismo inferior, em comparação a doutrina espírita e ao mesmo tempo, é louvada por muitos os que a procuram nos seus processos de cura e busca de equilíbrio. 

Não podemos negar que em solo brasileiro a Umbanda foi se constituindo, evoluindo junto com nossa própria história, se fez carregada de elementos da cultura e ancestralidade africana, de uma população que forçadamente foi retirada de seu contexto de vida e colocada aqui sem direito ao seu próprio culto religioso, originários de vários povos com seu diversos fundamentos, Angola, Nagô, Banto, Malê. Subjugados a uma catequização Católica, foram naturalmente sincretizando suas crenças e aos poucos foram agregando as culturas e ancestralidade dos povos originais do próprio solo Brasileiro. Assim, Áfricanos, Indígenas, Europeus vão se encontrando e se desenvolvendo na Umbanda, Sagrada em sua origem, prática, existência e resistência. Umbanda que inclui e evolui, nos ensinando diariamente, com toda sua imensa orbe de falangeiros, trabalhadores que não fazem distinção de cor, de costume, de condição social, de lugar, de tempo, de condições de trabalho. Fazem muito, seja num pequeno Gongá, num quartinho simples, ou numa grande tenda; onde precisar, a Umbanda está. 

Em meio a essas discussões e reflexões, duas questões entendemos ser básicas: (i) o dia 15 de novembro de 1908 não é a fundação da Umbanda, ou seja, ela não passa a existir a partir desse dia, já existia; (ii) o evento desse dia, foi importante para abrir espaço, que nos foi negado pelas classes dominantes, que até então, não reconheciam como religião manifestações outras, originárias dos negros ou indígenas, que tinham seus cultos vistos como algo exótico, no uso de magias, pajelança. O respeito como religião era direcionado as denominações Cristãs, ao Judaísmo, a algumas práticas orientais / asiáticas e Indianas e ao Islã. Na questão do mundo oculto, da vida após a morte, da comunicação com espíritos, ao contrário do que acontecia com os cultos afros e indígenas, o Espiritismo, codificado pelo francês Allan Kardec, que foi por muito tempo considerado não como religião, mas como filosofia e doutrina de vida, mesmo enfrentando alguns questionamentos, se estabeleceu sendo respeitado na sociedade, principalmente pela vocação filantrópica de seus adeptos. Pode não ter sido este o percurso que foi almejado ou sonhado para o reconhecimento da Umbanda como religião, mas foi o caminho possível de se trilhar e hoje, somos muitos! 

O entendimento da história da humanidade entre os tempos é de fundamental referência para que possamos entender nosso próprio percurso histórico e assim, defendermos nossas bandeiras e crenças com consciência e não repetindo o que tentam nos impor como verdade, num mundo de crenças impregnadas de preconceitos e paradigmas de classificação social e étnica.

E voltando para a nossa Umbanda, podemos dizer que: Umbanda é filosofia de vida e é religião, que carrega a bandeira branca da Paz e do Amor como alicerce maior, tendo na simbologia de Oxalá, o grande Pai, que acolhe a todos. Essa é a grande proposta da Umbanda: acolher a todos sem distinção, seja na terra ou no céu, sem diferenças, sem preconceitos, sem precisar perguntar de onde as pessoas vieram, mas simplesmente abrindo os braços e acolhendo na diversidade de cada um, agregando pessoas, crenças, etnias, cultos, símbolos, rituais...

Não se discute a UMBANDA, vive-se a UMBANDA, onde "TODOS SOMOS UM", através da prática do AMOR, que respeita, que tolera, que compreende, que abraça e canta:

 

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Texto: Iyá Claudia, Sacerdotisa e dirigente da Casa Amigos da Paz - Comunidade Espiritualista Legião Azul, em Leopoldina, MG

REFERÊNCIAS:

BRASIL, Lei nº 12.644, de 16 de maio de 2012. Diário Oficial da União de 17/05/2012.
Umbanda. Disponível em <https://www.tvcorm.com.br/historia-da-umbanda> Acesso em Nov. 2023.
O Nome da Umbanda. Disponível em: <www.acentelhadivina.com.br/o-nome-umbanda> Acesso em Nov. 2023 
Origem da Umbanda. Disponível em: <www.paijaco.com.br/origem-da-umbanda> Acesso em Nov. 2023.
Umbanda. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda> Acesso em Nov. 2023. 
15 de Novembro de 2017 - 109 anos do advento que oficializou a Umbanda no Brasil. Disponível em: <https://casaamigosdapaz.blogspot.com/2017/11/15-de-novembro-de-2017-109-anos-do.html> Acesso em Nov. 2023. 
Acervo próprio da Casa Amigos da Paz

Imagens: Google 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

2 DE NOVEMBRO - DIA DOS MORTOS (FINADOS)

O "Dia dos Mortos" (Finados) é um dia para buscarmos uma frequência vibracional de paz, misericórdia, compaixão, evitando sucumbir a egrégoras de tristeza profunda e mágoas ou revoltas. Lembrem-se que saudade é sentimento que habita em todos que amam e não há mal em sentir, desde que não venha como a camuflagem de uma melancolia que pode nos desequilibrar. Se queremos que as pessoas que amamos e que já partiram para o Mundo Maior estejam bem, precisamos também que nosso próprio estado de ser seja bom, sintonizado com serenas vibrações de positividade.
Esclarecemos que como este é um dia lembrado por muitos, mundo a fora, forte é o sentimento que se plasma na forma de condolência, de reflexão, de lembranças, de saudade..., nos aproximando aos que já desencarnaram. Da mesma forma, muitos espíritos, que carregam consigo as lembranças da Terra e desta data fixada em seus pensamentos, clamam auxílio para estarem próximos também de nós, como uma chance de “ver” e “sentir” como estamos. Por isso, demonstrar que lembramos, direcionar preces e boas vibrações é de grande valia! Volto a dizer, não para sofrer, mas para vivenciar momentos de carinho e zelo.
Se buscarmos na essência de nossas crenças, encontramos dois pontos a destacar para esse cuidado: (i) Se somos cristãos e sendo essa uma data cristã, comungamos da energia e vibração de toda a Comunidade Cristã assimilando em nossos fazeres os costumes e ritos desta crença; (ii) Se praticamos culto de Matriz Afro-Brasileira, o dia de hoje é um dos dias dedicados ao Orixá Obaluaê/Omolú e a ele, devemos nosso respeito, no reconhecimento de seu AXÉ, como o grande Senhor da Terra, aquele que leva as doenças de volta a terra, que renova, que nos prepara para a reencarnação, regendo a reconstrução dos corpos, como agente cármico a que todos os seres vivos estão subordinados.
“Omolú é o Orixá que rege a cura profunda, perene, espiritual, nos ciclos de existência humana e se pronuncia em todo o período em que ficaremos encarnados. É o Orixá da misericórdia e temos em Jesus – o Mestre, o Grande Curador Crístico – o maior exemplo desta vibração cósmica. Está presente, através de seus legionários (Exus), nos leitos dos hospitais e nos ambulatórios, nos leprosários e oncologias, auxiliando os profissionais de saúde e também aliviando a carga pesada dos médiuns em seus trabalhos. Conhecido como médico dos pobres, é o grande curandeiro da Umbanda, é o Orixá ‘patrono’ da Linha das Almas, nossos amorosos Pretos Velhos. São os falangeiros de Omolú que não permitem a vampirização no duplo etéreo dos que estão em processo de desencarne, como também os recém desencarnados” (PEIXOTO, 2016, p.91).
Algumas Casas de culto ou de tradição Afro-Brasileira celebram em rituais e festas Obaluaê/Omolú no dia 2 de novembro ou em data próxima a esta.
Busquemos este AXÉ, pelo nosso direcionamento vibracional, pela vênia a nossa ancestralidade, pelo amor Crístico e pela consideração aos que, ainda ligados a nós, se encontram no Plano Astral.
Iyá Claudia
Mukuiu N' Zamby!
Kolofé Olorum!
Motumbá Axé!
Saravá!
Namastê!
Deus abençoe!

Imagem: Google 

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

A SEXTA-FEIRA 13


Hoje é sexta-feira 13 e muitos são os que tem superstição com essa data, achando que ou é um dia de azar ou é um dia de sorte. Se considerarmos que estamos em uma sexta-feira, dia forte de vibração da Nação Terra, que ecoa com intensidade no nosso campo da vida humana; que Exu é Senhor das Encruzilhadas e dos Caminhos junto a nós; que o número 13 somado é 4, que representa o meio, o eixo, o equilíbrio central no Sétimo Sagrado e numa outra redução deste número, quando eu diminuo 7, sobra 6, que reafirma a vibração do sexto dia junto a Nação Terra;  podemos dizer que é sim um dia favorável pra nós. E por tudo isso e muito mais, é um número representativo dos Exus, da força Exu junto a nós.

Mas outro ponto cabe destaque, a energia do dia, do momento depende de maneira preponderante, de nós em primeira instância. São as minhas crenças e a quê e onde escolho me conectar ou dirigir meus pensamentos, que vai determinar a qualidade das vibrações do dia, do momento. Compreendido isso, podemos afirmar, se assim quisermos, que este é um dia muito bom e favorável a nossa humanidade, no todo do nosso ser e podemos usufruir dessas boas vibrações e conspirações do Universo a nosso favor. 

Muito AXÉ, sorte, proteção e caminhos abertos pra nós!!! 

Laroyê Exu!!! 

🍀🪐🔥🔱🔮🕯️🪄

Iyá Claudia

Sacerdotisa Dirigente da Casa Amigos da Paz / Comunidade Espiritualista Legião Azul 

Imagem: @VivoQuadro: por Maria Victoria Maia 

Vivo Quadro Instagram



quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Senhora Aparecida, Senhora dos Rios Oxum

No dia 12 de outubro é comemorado o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Imaculada Conceição Aparecida, uma santa tão popular, que sua devoção vai além da Comunidade Católica. Muitos são os que dedicam rezas,  promessas e carregam consigo os símbolos alusivos a santa, que representa a Virgem Maria, mãe de Jesus. A icônica imagem negra, foi encontrada por pescadores ribeirinhos no fundo do rio, com a cabeça quebrada, foi carinhosamente recebida pela família que a restaurou, ganhando depois um manto e uma coroa, passando a ser venerada pelos populares, que lhe atribuiram milagres que se multiplicaram no decorrer dos anos. A ideia de uma grande Mãe, acolhedora, compadecida, que se manifesta aos mais vulneráveis, transmutada numa Mãe Preta, dando legitimidade a Maria como a Mãe de todos, herança do Mestre Jesus para nós. 
E considerando o sincretismo religioso, que se popularizou a partir das restrições históricas para a livre manifestação religiosa das crenças de matriz africana, Nossa Senhora Aparecida, que se manifesta nas águas do rio, foi sincretizada com a Orixá Oxum, que aqui no Brasil, é a Orixá da água doce, dos rios e cachoeira. Oxum é a Orixá da geração da vida, presente na concepção, rege o ventre materno, protegendo as crianças na gestação e entregando a Mãe Criadeira Iemanjá, no nascimento, assim como as águas do rio desembocam no mar. Oxum representa a fertilidade, a beleza e o amor. 

Mas é importante entender que o sincretismo não faz de Oxum Nossa Senhora Aparecida, ou vice-versa. O que ocorre é uma convergência de vibrações, de devoções que de alguma forma unificam as pessoas através da fé de cada um, que buscam nesse dia a conexão com essas Mães. Oxum, enquanto Orixá, força da Natureza, potencializa o elemento água e Nossa Senhora, enquanto Entidade Santa, zela por nós com suas Falanges de Luz. 
E para fazer esse dia ainda mais especial, também comemoramos e homenageamos as crianças, que representam a nossa posteridade e renovam nossa esperança e alegria. 
Saudamos Nossa Senhora Aparecida e rogamos sua benção e proteção.
Saudamos Mamãe Oxum e rogamos sua benção e proteção.
Saudamos as crianças e pedimos a essas Mães Sagradas que as abençoem e protejam de todo o mal. 
Iyá Claudia
Sacerdotisa Dirigente da Casa Amigos da Paz 

Imagens: 
@ValterBrum
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domingo, 23 de abril de 2023

OGUM - SÃO JORGE


Neste domingo, dia 23 de abril, vivenciamos mais um dia de comemorações, orações, vênias, festas, entre outros, como demonstração da grande devoção de nosso povo por São Jorge.
Considerado um dos santos de maior veneração, São Jorge é cultuado pela Igreja Católica Romana, pela Igreja Ortodoxia e Anglicana. E não bastasse toda essa devoção, ele “também é venerado em diversos cultos das religiões afro-brasileiras, onde é sincretizado na forma de Ogum”.

Buscando entender um pouco dessa ilustre Entidade, no caso do Santo Católico, foi Jorge um capitão do exército Romano, que nasceu na antiga Capadócia, hoje região da República da Turquia, mas foi criado na Palestina. Sua dedicação e habilidade com as armas o levou ao reconhecimento do Imperador que o conferiu o título de Conde da Capadócia. Jorge assumindo a devoção cristã, distribuiu seus bens aos pobres e enfrentou a suprema corte romana, defendendo os cristãos, sendo contrário a decisão do imperador de disseminá-los e ainda sugerindo que todos os romanos se convertessem ao cristianismo. O imperador Deocleciano mandou torturá-lo, na tentativa de fazê-lo renegar o Cristo, mas como não obteve sucesso, mantendo-se Jorge fiel a sua crença, mandou executá-lo em 23 de abril de 303. Seus restos mortais foram posteriormente transferidos para Lida, em Israel, tendo o imperador Constantino, erguido um “suntuoso oratório” em sua homenagem, espalhando sua veneração pelo Oriente. A data de 03 de novembro, que marcou a reconstrução dessa Igreja na Lida, onde estão suas relíquias, é outro dia de comemoração a São Jorge.

São Jorge é padroeiro em diversas partes do mundo, na Inglaterra (onde existe a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge), Portugal, Geórgia, Catalunha, Lituânia, Moscou (onde sua figura está estampada em brasão oficial), como muitas outras cidades. No Brasil é padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro, dos escoteiros, entre outros e tem uma legião de devotos na cidade do Rio de Janeiro.

Se considerarmos a mitologia grega, São Jorge tem similaridade com Marte, considerado Deus da Guerra e na Mitologia Nórdica, é sincretizado com Sigurd, o caçador de dragões.

Nos cultos afro-brasileiros ele foi sincretizado com Ogum, por sua característica de guerreiro, de homem das armas, destemido e corajoso. Ogum na lenda Iorubá, era filho de Odudua (ancestral das diversas nações Iorubás), e não se apegava as obrigações de reinado de seu pai. Seu forte espírito de conquistador, de homem da guerra, não condizia com a postura de um senhor em seu trono, mas sim de um executor e defensor das ordens e da lei. Sendo Xangô a justiça, Ogum a Lei, o que executa a justiça ditada por Xangô. Ogum é movimento, sua essência orixaica é o ar e seu símbolo é a espada e a lança, tendo o ferro como elemento e o rubi, ou granada como pedra; como cores, o vermelho e azul.

Segundo a pesquisadora Monique Augras, na África e o livro Os Orixás (Editora Três):

Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Ogum é assim, símbolo do desenvolvimento, da expansão da produção, do trabalho e da força criadora. A ação de Ogum vai além da abertura das picadas na mata e do enfrentamento dos exércitos, ele é símbolo da promoção do desenvolvimento industrial através dos transportes, sendo a estrada de ferro uma de suas moradas. São sete qualidades de Ogum, entre elas Sete Ondas, Beira Mar, Matinada, Rompe Mato, Megê, Yara, Xoroquê.

Não é difícil entender o porque da popularidade de Ogum e/ou São Jorge, sendo ele um guerreiro, uma divindade da guerra, nossa humanidade tem muito mais identidade com a guerra do que com a paz. Nossas Nações se constituíram a partir de conquistas, de guerras e os avanços tecnológicos que alavancaram nossas indústrias foram decorrentes das grandes guerras. Também entre os africanos, nas condições que vivenciaram como escravos, precisavam do ícone de um grande guerreiro, defensor das suas penúrias.

Na organização do trabalho nos Planos outros, na hierarquia das equipes espirituais, Ogum é o que ordena Exu, ou seja, é o que vem a frente no comando das legiões e guardas de sentinelas e guardiões. Exu trabalha sob a ordenança de Ogum-iê e seus Cavaleiros. São como exércitos, com seus componentes e suas patentes, cada um pelo seu campo e ponto de força, nas eminências das essências orixaicas. Entre as sete essências de Orixás (cristal, mineral, vegetal, ígnea, eólia, telúrica e aquática), Ogum manipula como sua essência natural o “ar”, que pode vir misturado a outra essência, desde que manipulado a partir da essência ar. Como exemplo pra entendermos melhor, se a essência de Xangô é o fogo, Ogum não manipula diretamente o fogo, mas agindo sob a essência do fogo, manipula o ar quente e assim por diante.

Considerando o arquétipo Ogum, a personalidade do santo guerreiro nos remete a qualidades como a coragem muito grande, a franqueza absoluta, o interesse pelo novo, pelo movimento, o gosto por viagens e a aversão a rotina. Na comparação com nossa organização social podemos dizer que Xangô é o juiz, Ogum o delegado e Exu, seus comandados, os soldados das suas guardas.
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Fonte:

Wikipédia, São Jorge. Disponível em: . Último acesso em: 23 abril 2012.

VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. Editora Corrupio: 2002.

LOMBARDI, Carlos. Os Orixás. Editora Três: São Paulo, s.d. 3ª Ed.

AUGRAS, Monique. O Duplo e a Metamorfose - A Identidade Mística em Comunidade Nagô. Petrópolis: Vozes. 1983.

SARACENI, Rubens [psicografado por]. Código de umbanda/Espíritos diversos. 4. Ed. São Paulo: Madras, 2010.

#CasaAmigosDaPaz_Orixás
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#LegiãoAzul 
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#Ogum 
#SãoJorge 
#Religiosidade 
#Espiritualidade 
#Fé 
#SincrerismoReligioso

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Entendendo a Mediunidade - Parte 1

Iniciamos uma série de vídeos para estudo e reflexão, que serão postados sempre as segundas-feiras no nosso canal do YouTube. O conteúdo é público, podem divulgar e ficará disponível no canal, para assistirem com calma ou em partes e rever, quando necessário. Se inscreva no canal para receber nossas notificações e deixe seu "like", para que o conteúdo do canal chegue a outros que também necessitem dessas informações. Nessa primeira série, intitulada "Entendendo a Mediunidade - parte 1", vamos trabalhar essa temática de forma informativa e reflexiva, no contexto da nossa vida e da religiosidade. Fiquem a vontade para deixar seus comentários e perguntas. Isso ajudará na preparação do próximo vídeo.
Bjs e bençãos!!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

RESPEITO ou MEDO

Uma das coisas que tem ocorrido em meio a essa pandemia que estamos vivendo é o embate de alguns religiosos sobre como proceder com os trabalhos e rotinas nas Casas Religiosas. Uns tem defendido que podem seguir com os rituais - inclusive rituais festivos - naturalmente, mesmo que os Órgãos de Saúde orientem sobre as necessárias restrições, como distanciamento social, não aglomeração de pessoas, principalmente em locais fechados. Outros tem mantido as restrições, com suspensão de trabalhos presenciais e até mesmo com as Casa totalmente fechadas.

Se considerarmos as especificidades de nossos trabalhos, reconhecemos o quão difícil é evitar contatos, até mesmo o trabalho com máscaras é complicado. Nas nossas Casas Religiosas é muito comum o contato mais próximo, as falas ao pé do ouvido, os cantos... Viver um tempo diferenciado como este, é mais um convite a resignificar nossos fazeres, do que insistir nos meios e modos de sempre. Com essa situação, uns tem falado que falta fé e confiança de alguns sacerdotes, que não estão abrindo seus trabalhos por medo do vírus em circulação e que quem tem Santo, quem confia, não deve temer pois estaria já protegido contra as contaminações. 

Mas o fato é que os números tem nos levado a refletir mais profundamente sobre a situação. São muitos os óbitos por essa doença, incluindo muitos padres, pastores, missionários, pais de santo, sacerdotes de maneira geral, como também, muitos fiéis. Ninguém está isento e percebe-se que não é um questão de fé, ou falta dela, ou medo, pois muitos desses estavam seguros de si e de sua crença. Aprendemos que a questão é muito mais de RESPEITO, de entendermos nossas limitações, responsabilidades sociais, sanitárias e respeitar esse momento tão diferenciado e especial que nunca tínhamos vivido.

Tem sido um grande aprendizado, em que nosso exercício mental nunca foi tão intenso. Estamos aprendendo que além dos templos físicos, o primeiro templo que temos a cuidar é o nosso templo pessoal, morada do nosso espírito, o nosso corpo. Também aprendemos que as distâncias físicas podem ser superadas com as conexões mentais, com a abertura de nossos corações e com os meios de comunicação e mídias digitais, nos ambientes virtuais. Estamos aprendendo a abrir as salas virtualmente, através da web para orarmos juntos e potencializar o AXÉ, pelo ânima primeiro que garante nossas vidas, como o Sopro Divino, do Pai Criador.

Respeitar é manifestação do AMOR, quando temos consideração pelas pessoas, empatia - nos colocando no lugar do outro, quando queremos ser cuidadosos com os que estão a nossa volta. Podemos até dizer que estamos sendo colocados a prova na nossa crença, quando por tantas vezes pregamos em nossas Casas Religiosas que não há limites de tempo e espaço no plano astral, que estamos imersos em múltiplas dimensões, que nosso mental pode tudo, enfim, há tempos buscamos a expansão da consciência, defendemos a nova era, em que nossas mentes abririam poderosamente para ir além da materialidade e quando nos vemos em meio ao inusitado, ao desafio de nos refazer, quando nossas convicções e rotinas são mexidas, quando somos desafiados a sair da zona de conforto, do lugar comum, muitos de nós resistimos e insistimos na negação de si e de tudo que se descortina a nossa volta, muitos tampam olhos e ouvidos...

Há tempos que nós espiritualistas ouvimos que estávamos caminhando para a transição planetária, que os cristãos leem na Bíblia que os tempos estavam chegando, em várias passagens apocalíptica, que anunciam sinais, que encontram simetria com o que estamos vivendo. Quantas vezes também, muitos de nós, insatisfeitos com muitas das situações de injustiça e violência do mundo, mesmo que de forma incógnita, no nosso mental, não chegamos a pensar que algo tinha que acontecer para melhorar nosso mundo e nossas relações com as pessoas? Nada nos vem ou acontece sem um propósito ou sem a nossa própria influência. A vida é causa e consequência; ação e reação.

Aceitemos o momento e vejamos como uma oportunidade de colocarmos em prática muitas das nossas possibilidades e dons adormecidos, pela comodidade e rotina cega. E que nós sacerdotisas e sacerdotes lembremos que somos exemplo, que temos responsabilidade civil, que precisa estar em nível com nossa responsabilidade religiosa, ou seja, não podemos viver de forma unilateral as leis, querer fazer valer nossas normas religiosas sobrepondo as normas das sociedades em que vivemos. Isso gera conflito e atrito astral, pois é contraditório e os contraditórios nos desgastam energeticamente e desalinham nossas frequências vibracionais. 

Cuidemos uns dos outros, mantendo a chama da FÉ e o RESPEITO, expandindo nossa escuta e nosso olhar para além das fronteira já experimentadas, vamos nos permitir a criatividade e inovação. Respeitemos os Órgãos oficiais de Saúde e os profissionais que estão labutando incansavelmente nessa seara, como também, os cientistas que tanto se empenham para reverter esse quadro tão desafiador que tem arrebatado muitos de nós e derramado muitas lágrimas. Vamos elevar nossas vibrações em prol da nossa Humanidade!

A Casa Amigos da Paz - Comunidade Legião Azul, continua com as restrições em trabalhos presenciais, mantemos nossos Encontros de Fé virtuais com transmissão ao vivo, junto aos que querem vibrar e orar conosco, assim como, priorizando atendimentos a distância, na medida do possível. Esperamos no Tempo e na provisão do nosso Pai Criador.

Yá Mãe Claudia

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Imagens: Google