Estamos hoje sob a vibração, entre a Comunidade
Cristã, do chamado Tríduo Pascal (conjunto de
três dias celebrados no Cristianismo, composto pela Quinta-Feira Santa,
Sexta-Feira Santa e Vigília Pascal, véspera do Domingo de Páscoa), que
pode ser compreendido como os três dias de preparação, que antecedem a festa
maior, ou seja, a Páscoa, ou também é considerado como os três dias de Paixão, lembrando
o sofrimento maior (a entrega do Cordeiro de Deus), para a posterior redenção,
na ressurreição do Cristo no domingo Pascal.
O que podemos tirar de proveito neste dia? Muitas
são as reflexões possíveis sob essa égide, principalmente se considerarmos o
aspecto pessoal da proposta no período quaresmal e na chamada Semana Santa, ou
seja, de cada um buscar seu deserto, empreender em sua própria viagem interior,
viver esses momentos na intensidade que lhe melhor tocar o coração. Mas numa
interpretação genérica, considerando o aspecto espiritual, teológico e prático,
poderíamos resumir esta quinta-feira como o “testamento do amor fraterno
eternizado nos gestos da Ceia e do lava-pés” (ver Evangelho de João 13,1-15).
Ao lembrarmos essa importante passagem da caminhada
peregrina do Mestre Jesus, lembramos de Seu maior legado a nós: “Amai-vos uns
aos outros. Como eu vos amei” (João 13, 34). Mas Jesus não fala de um amor que
espera recompensa, fala e pratica um amor verdadeiro, puro, espontâneo,
desprovido de interesses outros, um amor que transcende nosso ego, que nos leva
a sair de si para a entrega ao “outro”. Esse amor, vivido e anunciado por
Jesus, não carece de explicações, pois não prescinde delas, já que enquanto
ação ele acontece, não é racional, é sentimento, é movimento em direção ao meu “próximo”,
sem previsão de quem, de lugar, de momento, de tempo.
Mas o que fazermos com nossas limitações de amar?
Como superarmos as reservas de nosso ego? Reconhecer que o amor vai além da
racionalidade, não é dispensar o pensamento, pois precisamos deste para
chegarmos a consciência de si, ou seja, a abertura da nossa mente para o reconhecimento
de quem somos, de como somos... A consciência expande e clareia nosso
entendimento para a ação se fazer e esta ação envolve inclusive, as atitudes
para o aprendizado do amor. Nada conseguimos na escola da vida sem o treino, a
persistência, a experimentação, a disciplina, o exercício do fazer. E muitas
das vezes um feito aqui é o que vai nos conduzir ao outro mais adiante que vai
burilando nossa alma e transformando em espontâneo o que antes não fazia parte
de nós, do nosso “eu”.
Mas é também nessa mesma passagem do Evangelho de
hoje, que João, lembrando a ação de Jesus Cristo mostra um desses
imprescindíveis caminhos para alcançarmos o exercício do amor: a Humildade.
Antes da Ceia, Jesus amarra uma toalha à cintura e lava os pés de seus
discípulos, chegando a incomodar Pedro, que se acha indigno de estar diante de
seu Mestre em total despojamento de si, de qualquer honraria ou título de
maestria. O teólogo Romano Guardini diz que “a
atitude do pequeno que se inclina ante o grande, ainda não é humildade. É,
simplesmente, verdade. O grande que se humilha ante o pequeno, é o verdadeiro
humilde”. Por isto Jesus Cristo é autenticamente humilde. Ante este Cristo
humilde, nossos moldes se quebram. Jesus Cristo inverte os valores humanos e
convida-nos a segui-lo para construir um mundo novo e diferente desde o serviço.
Fazer-se pequeno, menor diante do “outro”, eis a grandeza daquele que busca
amar. Não temer a ridicularização, não temer as críticas, não temer a
incompreensão, simplesmente olhar de baixo para enxergar assim, a grandeza do “próximo”.
Emmanuel ilustra muito bem pra
nós a importância da humildade no exercício do amor, quando nos diz: “A
humildade é o ingrediente oculto sem o qual o pão da vida amarga,
invariavelmente, na boca” e se fizermos a conexão entre o “lava-pés” e a “Ceia”,
ritualizadas por Jesus, entendemos a verdade e o caminho, o pão da vida, a
partilha do amor, só se faz num coração humilde, daquele que usa da
misericórdia para o perdão, assim como, Cristo fez com Judas, pois sabendo de
sua traição, o amou, lavando humildemente seus pés, já no prenúncio do perdão
como carta de alforria para o AMOR.
Minha benção, com o AXÉ de
Oxossi, Iemanjá e a Luz Maior de Oxalá!!!
Iabá Mãe Claudia
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