SALVE SÃO SEBASTIÃO!!! SALVE OXOSSI REI!!! OKÊ
ARÔ!!! KOQUÊ ODÉ!!! ARO-KE-Ô CABOCLO!!! Saudações diversas para uma mesma
Força, um mesmo Orixá. Hoje, dia 20 de janeiro é comemorado o mártir São
Sebastião e, em especial, pelo sincretismo religioso, homenageamos Oxossi, o
Orixá patrono dos Caboclos que têm como habitat as matas. Como elemento, Oxossi
é senhor da Terra, do Ar e das Águas. Para os Iorubás é chamado de Odé, que
quer dizer “Caçador”, sendo então Oxossi o guardião dos caçadores que “caçam”
para obter o sustento para sua família. Vale ressaltar que nas antigas tribos
africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora",
a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além disso, eram os
caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente
mudar-se, ou fazer uma roça. Essa origem faz de Oxossi o "Orixá
Caçador" responsável pela transmissão do conhecimento, representando a
busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.
Mas pensar num Orixá caçador é também pensar
numa força mutável, que está sempre em busca, sempre a procura de algo e assim
Oxossi não espera uma situação acontecer, ele vai atrás de seus objetivos.
Podemos traduzir essa energia na palavra “dinamismo”, já que Oxossi está sempre
pronto para a “caça”. Mas o que seria no Mundo da Espiritualidade, entre os
trabalhadores do Astral Maior essa “caça”? Podemos dizer que Oxossi é também
conhecido como “Doutrinador”, pois é o Orixá que com seus Caboclos aplica a
disciplina da Lei, doutrinando as almas submissas e as levando a iluminação –
tarefa esta que rendeu o título de “Caçador de Almas”.
Oxossi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar
seus limites, expandir seu campo de ação, que tem iniciativa para novas
descobertas ou novas atividades, mas com responsabilidade, buscando sempre
cuidar dos seus. A caça é a metáfora para o conhecimento, a expansão maior da
vida. Ao atingir o conhecimento, Oxossi acerta seu alvo. Por este motivo, é um
dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte.
Entre as diversas representações deste grande
Orixá, podemos destacar no Candomblé Oxossi como Rei da Nação Keto; na Umbanda
o Patrono dos Caboclos e para os esotéricos ele é um dos sete Arcanos
designados por Deus para ser um comandante universal, sendo sua regência
chamada de “Essência”, isto é, aquilo que anima.
Em uma de suas lenda,
o jovem Oxó (Oxó Wusi = Oxó é Popular) é o único que consegue
abater o pássaro gigante enviado pelas feiticeiras (Yami Oxorongás) para
o Reino de Ijexá e como prêmio recebe a cidade de Ketu (Terra dos Panos
Vermelhos) para governar. É então reverenciado com o nome de Alaketu, o “senhor
de Ketu”, onde foi rei em tempos imemoriais, tendo Oxossi governado até sua
morte, tornando-se depois um Orixá. Segundo Pierre Verger, o fato de Oxóssi ter sido cultuado basicamente
no Keto, nação que foi destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé, teve seu culto praticamente
esquecido na África.
Mas em contrapartida, Oxóssi é bastante difundido
no Brasil. O mito do caçador explica sua rápida aceitação
no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros
sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos
igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um
sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no
Norte do País. Outro fator que
contribuiu para seu prestígio em solo brasileiro é que Oxossi foi um dos primeiros orixás a ser trazido para o Brasil através dos
escravos, e seu culto se tornou enraizado e conhecido, muitos o reverenciavam. Umas das suas
principais características é a
liberdade, objetivo central dos negros africanos
escravizados e eles sempre o recorriam em seus rituais. Até hoje ainda é de
costume que todas as casas de
candomblé Iorubá tenham em Oxóssi o seu patrono.
A Umbanda cultuada no Brasil é uma síntese de diversas manifestações advindas da África, unindo
preceitos e práticas que no continente negro se manifestam em povos isolados. E nessa síntese, a Umbanda assimilou no
sincretismo Oxossi à figura de São Sebastião, o mártir católico, foi um soldado
romano, tendo sido martirizado com flechas e depois espancado até a morte, por
ser complacente com os prisioneiros cristãos.
Aqui no nosso Município, São Sebastião é o
padroeiro, assim como no Rio de Janeiro, como também em várias outras cidades
brasileiras. O nome Sebastião vem do grego: sebastós
= divino, venerável. É também considerado como padroeiro dos soldados, dos
arqueiros, da infantaria e dos atletas.
São muitas as devoções, as explicações, as
lendas, histórias... Na busca de significados muito podemos especular. Mas
podemos nos ater a energia e vibração desse momento, sem muitos “porquês”.
Podemos viver o nosso sagrado, respeitando o sagrado de cada um, pois o que
fica é a fé, é a plenitude do “ser” em todas as suas peculiaridades e
coletividades. Vivamos fraternalmente essa força, que pode ser pra nós aquilo
que quisermos que seja, que fizermos ser...
Minha benção com o AXÉ de Oxossi!!!!
Mãe Claudia
Sacerdotisa da Casa
Amigos da Paz – Campos de Oxossi e Ogum
Comunidade Espírita
Legião Azul em Leopoldina, MG
REFERÊNCIAS:
- Coleção “Os Orixás”
– Editora Três.
- KILEUY, Odé;
OXAGUIÃ, Vera de; BARROS, Marcelo (Org.). In: O Candomblé bem explicado:
Nações Bantu, Yorubá e Fon. Rio de Janeiro: Pallas, 2009. p.235-243.
- VERGER, Pierre
Fatumbi. Orixás, deuses iorubas na África e no Novo Mundo – Salvador:
Editora Corrupio, 1981.
- MACÊDO, J. Carlos [médium] Cacau da
Oxum Omin Taladê Omã. “Cabana de Oxossi” de Olinda, Penambuco. Disponível
em Acesso: jan 2015.
- PEDREIRAS
Léo das. Blog Luz Divina/Blog Umbanda. Disponível em Acesso:
jan 2015.
- DEL
PEZZO, Pai Léo. Oxossi – o orixá caçador. Disponível
em Acesso: jan 2015.
- SIQUEIRA, Maria de Lourdes. Agô, agô lonan.
Belo Horizonte: Mazza Edições, 1998. p.71-73.