sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

SÃO SEBASTIÃO – OXOSSI – MITO, DIVINDADE, AMOR, FÉ, FORTALEZA

SALVE SÃO SEBASTIÃO!!! SALVE OXOSSI REI!!! OKÊ ARÔ!!! KOQUÊ ODÉ!!! ARO-KE-Ô CABOCLO!!! Saudações diversas para uma mesma Força, um mesmo Orixá. Hoje, dia 20 de janeiro é comemorado o mártir São Sebastião e, em especial, pelo sincretismo religioso, homenageamos Oxossi, o Orixá patrono dos Caboclos que têm como habitat as matas. Como elemento, Oxossi é senhor da Terra, do Ar e das Águas. Para os Iorubás é chamado de Odé, que quer dizer “Caçador”, sendo então Oxossi o guardião dos caçadores que “caçam” para obter o sustento para sua família. Vale ressaltar que nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além disso, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Essa origem faz de Oxossi o "Orixá Caçador" responsável pela transmissão do conhecimento, representando a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.

Mas pensar num Orixá caçador é também pensar numa força mutável, que está sempre em busca, sempre a procura de algo e assim Oxossi não espera uma situação acontecer, ele vai atrás de seus objetivos. Podemos traduzir essa energia na palavra “dinamismo”, já que Oxossi está sempre pronto para a “caça”. Mas o que seria no Mundo da Espiritualidade, entre os trabalhadores do Astral Maior essa “caça”? Podemos dizer que Oxossi é também conhecido como “Doutrinador”, pois é o Orixá que com seus Caboclos aplica a disciplina da Lei, doutrinando as almas submissas e as levando a iluminação – tarefa esta que rendeu o título de “Caçador de Almas”.

Oxossi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, que tem iniciativa para novas descobertas ou novas atividades, mas com responsabilidade, buscando sempre cuidar dos seus. A caça é a metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxossi acerta seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte.

Entre as diversas representações deste grande Orixá, podemos destacar no Candomblé Oxossi como Rei da Nação Keto; na Umbanda o Patrono dos Caboclos e para os esotéricos ele é um dos sete Arcanos designados por Deus para ser um comandante universal, sendo sua regência chamada de “Essência”, isto é, aquilo que anima.

Em uma de suas lenda, o jovem Oxó (Oxó Wusi = Oxó é Popular) é o único que consegue abater o pássaro gigante enviado pelas feiticeiras (Yami Oxorongás) para o Reino de Ijexá e como prêmio recebe a cidade de Ketu (Terra dos Panos Vermelhos) para governar. É então reverenciado com o nome de Alaketu, o “senhor de Ketu”, onde foi rei em tempos imemoriais, tendo Oxossi governado até sua morte, tornando-se depois um Orixá. Segundo Pierre Verger, o fato de Oxóssi ter sido cultuado basicamente no Keto, nação que foi destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé, teve seu culto praticamente esquecido na África.

Mas em contrapartida, Oxóssi é bastante difundido no Brasil. O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País. Outro fator que contribuiu para seu prestígio em solo brasileiro é que Oxossi foi um dos primeiros orixás a ser trazido para o Brasil através dos escravos, e seu culto se tornou enraizado e conhecido, muitos o reverenciavam. Umas das suas principais características é a liberdade, objetivo central dos negros africanos escravizados e eles sempre o recorriam em seus rituais. Até hoje ainda é de costume que todas as casas de candomblé Iorubá tenham em Oxóssi o seu patrono.

A Umbanda cultuada no Brasil é uma síntese de diversas manifestações advindas da África, unindo preceitos e práticas que no continente negro se manifestam em povos isolados. E nessa síntese, a Umbanda assimilou no sincretismo Oxossi à figura de São Sebastião, o mártir católico, foi um soldado romano, tendo sido martirizado com flechas e depois espancado até a morte, por ser complacente com os prisioneiros cristãos.

Aqui no nosso Município, São Sebastião é o padroeiro, assim como no Rio de Janeiro, como também em várias outras cidades brasileiras. O nome Sebastião vem do grego: sebastós = divino, venerável. É também considerado como padroeiro dos soldados, dos arqueiros, da infantaria e dos atletas.

São muitas as devoções, as explicações, as lendas, histórias... Na busca de significados muito podemos especular. Mas podemos nos ater a energia e vibração desse momento, sem muitos “porquês”. Podemos viver o nosso sagrado, respeitando o sagrado de cada um, pois o que fica é a fé, é a plenitude do “ser” em todas as suas peculiaridades e coletividades. Vivamos fraternalmente essa força, que pode ser pra nós aquilo que quisermos que seja, que fizermos ser...

Minha benção com o AXÉ de Oxossi!!!!
Mãe Claudia
Sacerdotisa da Casa Amigos da Paz – Campos de Oxossi e Ogum
Comunidade Espírita Legião Azul em Leopoldina, MG

REFERÊNCIAS:
- Coleção “Os Orixás” – Editora Três.
- KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera de; BARROS, Marcelo (Org.). In: O Candomblé bem explicado: Nações Bantu, Yorubá e Fon. Rio de Janeiro: Pallas, 2009. p.235-243.
- VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás, deuses iorubas na África e no Novo Mundo – Salvador: Editora Corrupio, 1981.
- MACÊDO, J. Carlos [médium] Cacau da Oxum Omin Taladê Omã. “Cabana de Oxossi” de Olinda, Penambuco. Disponível em Acesso: jan 2015.
- PEDREIRAS Léo das. Blog Luz Divina/Blog Umbanda. Disponível em Acesso: jan 2015.
- DEL PEZZO, Pai Léo. Oxossi – o orixá caçador. Disponível em Acesso: jan 2015.
- SIQUEIRA, Maria de Lourdes. Agô, agô lonan. Belo Horizonte: Mazza Edições, 1998. p.71-73.

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