terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SALVE SÃO SEBASTIÃO!!! SALVE OXOSSI REI!!! OKÊ ARÔ!!! KOQUÊ ODÉ!!! ARO-KE-Ô CABOCLO!!!

Saudações diversas para uma mesma Força, um mesmo Orixá. Hoje, dia 20 de janeiro é comemorado o mártir São Sebastião e, em especial, pelo sincretismo religioso, homenageamos Oxossi, o Orixá patrono dos Caboclos que têm como habitat as matas. Como elemento, Oxossi é senhor da Terra, do Ar e das Águas. Para os Iorubás é chamado de Odé, que quer dizer “Caçador”, sendo então Oxossi o guardião dos caçadores que “caçam” para obter o sustento para sua família. Vale ressaltar que nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além disso, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Essa origem faz de Oxossi o "Orixá Caçador" responsável pela transmissão do conhecimento, representando a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.

Mas pensar num Orixá caçador é também pensar numa força mutável, que está sempre em busca, sempre a procura de algo e assim Oxossi não espera uma situação acontecer, ele vai atrás de seus objetivos. Podemos traduzir essa energia na palavra “dinamismo”, já que Oxossi está sempre pronto para a “caça”. Mas o que seria no Mundo da Espiritualidade, entre os trabalhadores do Astral Maior essa “caça”? Podemos dizer que Oxossi é também conhecido como “Doutrinador”, pois é o Orixá que com seus Caboclos aplica a disciplina da Lei, doutrinando as almas submissas e as levando a iluminação – tarefa esta que rendeu o título de “Caçador de Almas”.

Oxossi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, que tem iniciativa para novas descobertas ou novas atividades, mas com responsabilidade, buscando sempre cuidar dos seus. A caça é a metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxossi acerta seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte.

Entre as diversas representações deste grande Orixá, podemos destacar no Candomblé Oxossi como Rei da Nação Keto; na Umbanda o Patrono dos Caboclos e para os esotéricos ele é um dos sete Arcanos designados por Deus para ser um comandante universal, sendo sua regência chamada de “Essência”, isto é, aquilo que anima, que dá vida, diferente de Ogum que é o movimento, aquele que movimenta a situação. Numa outra interface com Ogum, enquanto Oxossi busca o conhecimento, Ogum busca a transformação deste conhecimento em técnica. São dois grandes guerreiros que se complementam nos trabalhos, cada um com seus dons na manipulação dos elementos, nos seus Pontos de Força, moradas e equipes e também, pelo mito Iorubá, são irmãos, filhos de Oxalá e Iemanjá/Nanã.

Conta a lenda que no princípio eram só os céus e oceanos até que o grande Olurum, Senhor do Universo, fez surgir a lama e o planeta se dividiu em terras e águas. Do amor de Oxalá (céu) e Nanã (lama) nasceram todos os Orixás. Exu foi o primogênito e com sua rebeldia e comportamento conturbado, libidinoso e violento, levou Nanã a deixá-lo sozinho na terra, indo ela morar nos mares com os outros filhos/orixás, onde passou a reinar como Iemanjá. Mas como toda mãe zelosa, mesmo de longe, não deixou de olhar por seu filho que ficou na terra, a exemplo do movimento de vai e vem das marés na praia. Ocorreu que mesmo sem o consentimento da mãe, Oxossi, curioso e atento, cheio de si, quis ter com seu irmão Exu na terra. Quando soube, Iemanjá mandou que Ogum fosse buscar seu irmão na terra e este, obediente e valente foi ao encontro de Oxossi, mas deparou-se com o irmão encantado pelas matas das terras de Exu. Feliz com a vida na floresta, Oxossi chamou Ogum para também voltar a morar na terra. Mas Ogum voltou às águas e por influência de Exu, disse a Iemanjá que não encontrou Oxossi e desde então, passou a viver hora com a mãe nos mares e hora com o irmão nas matas.

Transmitir uma lenda é, de certa forma, vivenciar uma poesia, aprender e descobrir os fundamentos e origens de uma maneira especial, que nos atinge além da nossa racionalidade, pois acessa nossa memória emocional, nos conduz numa jornada sensível e nos faz viajar, através de nosso inconsciente, à nossa própria origem. Ajuda-nos a compreender a relação entre as energias, os elementos, as fortalezas, os domínios da natureza e tudo mais que se movimenta a nossa volta e nos influencia, seja na terra ou nos astros.

E no ano de 2015 todos esses arquétipos aqui citados estarão muito presentes em nossas vidas, pois os Orixás que regem o ano em primeira instância são exatamente os irmãos Oxossi e Ogum; tendo em segunda instância, Iemanjá como grande mãe zeladora e Oxum como parceira/esposa de Oxossi e; em terceira instância, Exu na sua ambigüidade, como o que influencia os pensamentos e incita o individualismo, pelo espírito desafiador, puxando para a terra, pelas vontades humanas, acelerando os fazeres dos homens, ao mesmo tempo em que vem como “Mensageiro” e comandado dos Exércitos de Ogum nas grandes batalhas, agindo na Sagrada Lei, na execução de nossas ações – “quem plantou em 2014, colherá em 2015” – e por fim, Oxaguiã vem apaziguando, através do seu “Exército da Paz”, distribuindo graças e atendendo a pedidos que nos parecem impossíveis, com  a calma e a tranqüilidade do “senhor do pano branco”, garantindo assim a esperança em dias melhores para o planeta e para a humanidade.

Conquistas virão, mas tudo precisará ser com muito esforço, pois estaremos a todo instante sendo confrontados com nosso eu, com nossos carmas, com a reação das nossas ações. A Lei de Causa e Efeito regerá em plenitude e será o fiel de nossa balança, tudo em meio ao borbulhar da grande transição planetária/espiritual e a inegável e necessária evolução do planeta. Muitas poderão ser as ocorrências limites em nossas vidas, seja no nosso núcleo pessoal de convivência, quanto em nível local, regional, nacional e mundial. Ainda vamos conviver com extremos climáticos, científicos, políticos, culturais, pessoais e a medida da nossa resposta a todas essas intempéries será a medida com a qual vamos conquistar “dias melhores”. Precisaremos da iniciativa e liderança de Oxossi – “quem sabe faz a hora não espera acontecer” – da sua responsável curiosidade e busca pelo conhecimento para que as consciências se abram; precisaremos da coragem de Ogum, da sua dedicação, fidelidade, decisão, estratégias e domínios dos caminhos; precisaremos também da amorosidade e acolhimento das “Senhoras das Águas”, de Iemanjá/Nanã e Oxum, mas numa doçura lúcida, sem ilusão, a doçura de quem ama de forma equilibrada, consciente de que não haverá mais espaço para o amor impossível, para mágoas, ressentimentos e disputas infindáveis; e precisaremos da paz de Oxalá, pela tolerância, o respeito às diferenças, a solidariedade e gentileza uns para com os outros.

A Casa Amigos da Paz entra o ano de 2015 com a responsabilidade e a graça de também ser regida pelos dois grandes Orixás do ano: OXOSSI e OGUM. Teremos um ano de muito trabalho, de muito aprendizado e de lutas e conquistas, em que cada dia será um novo momento, em meios as “caçadas” e “batalhas” da vida. A partir de hoje, dia 20 de janeiro de 2015, é chegada a hora e assumimos oficialmente o primeiro nome de batismo desta instituição religiosa, recebido há tempos atrás, quando ainda nem um prédio tínhamos pra funcionar: “CASA AMIGOS DA PAZ – CAMPOS DE OXOSSI E OGUM”.

Que as Fortalezas Maiores nos abençoem e que Olorum Rei seja por nós!!!

Mãe Claudia dos Anjos
Sacerdotisa Maior e Dirigente da Casa Amigos da Paz – Campos de Oxossi e Ogum
Comunidade Espírita Legião Azul em Leopoldina – MG
..........................................................................................................................................

REFERÊNCIAS

- VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás, deuses iorubas na África e no Novo Mundo – Salvador, Bahia, 1981.
- MACÊDO, J. Carlos [médium] Cacau da Oxum Omin Taladê Omã. “Cabana de Oxossi” de Olinda, Penambuco. Disponível em Acesso: jan 2015.
- PEDREIRAS Léo das. Blog Luz Divina/Blog Umbanda. Disponível em Acesso: jan 2015.
- MAKENA, Mãe. Orixás regentes em 2015 – previsões nos Búzios e Tarôs. Disponível em Acesso: jan 2015.
- ___________. Oxossi. Disponível em Acesso: jan 2015.
- DEL PEZZO, Pai Léo. Oxossi – o orixá caçador. Disponível em Acesso: jan 2015.

IMAGENS:
- Cris Carnaval;
- Arquivos disponíveis na internet: www.google.com.br

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

COMO É O FUNCIONAMENTO DE UMA CASA RELIGIOSA ESPIRITUALISTA EM PERÍODOS DE RECESSO AO PÚBLICO?

Foi ontem durante a Oração do Terço que estamos realizando nas noites de segunda-feira, na Casa Amigos da Paz, neste período de recesso das Reuniões Públicas, a partir da explanação de um Espírito Amigo que se fez presente e trouxe pra nós importante aprendizado, que percebi a necessidade de melhor esclarecer aos interessados sobre os bastidores de uma Casa Religiosa Espiritualista em momentos de suspensão dos trabalhos periódicos ao público, ou seja, das reuniões ordinárias.

Talvez alguns pensem que por estarmos em recesso, tudo está literalmente parado, quando muito ao contrário dessa idéia, tudo está em funcionamento, em plena ebulição. E ontem isso ficou ainda mais claro quando me foi permitido “ver” a movimentação das Equipes Espirituais, durante nossas orações (momento que nós até chegamos a taxar como simplório). Arriscaria-me dizer que estava mais movimentado, astralmente falando, do que em outros dias de trabalhos rotineiros da Casa.

Fica evidente para nós que “os Céus não podem esperar”! Sim, não podem esperar pela nossa disposição, pela nossa disponibilidade, pela nossa boa vontade, pelo nosso querer. Na verdade “Eles” fazem a hora, fazem acontecer, caso contrario, o que seria de nós, humanidade encarnada e desavisada?... Mas é bom que entendamos que isso não nos isenta, pois não fazem por nós, para tampar nossas lacunas e sim pelo compromisso incessante desses grandes trabalhadores da Seara do Pai, que habitam em reinos em que não existem férias, recessos, pois nós mesmos produzimos diariamente uma carga de trabalho considerável pra “Eles”. Nós projetamos no Astral nossas vacilações, nossos maus pensamentos, nossas lamúrias, nossos sentimentos de mágoa, raiva, nossas tristezas... Nós alimentamos com muitas das nossas atitudes e escolhas, as falanges de espíritos perversos, viciados, perturbados e perturbadores, presilhados a orbe terrestre, porque encontram em nós encarnados, afinidade fluídica, magnética, emocional, entre
outros... Muitos são os subterfúgios que usamos e as trilhas que vamos abrindo em nossa caminhada, por acreditarmos que são atalhos para a felicidade, ou porque achamos que poderemos caminhar desapercebidos. Elegemos como prioridade a academia, o “malhar o corpo”; o ter; o excesso de trabalho, de estudo; o excesso de lazer; o excesso de sexo, de comida; a ausência da consciência (pelas drogas, excesso de medicamento, excesso de álcool) – passamos a acreditar e estabelecemos como verdade em nossa vida que não existe diversão, alegria ou felicidade sem esses subterfúgios.

E nesse ciclo vicioso de desculpas e justificativas trazemos pra nossa rotina diária palavras que vamos incorporando com grande veracidade: “deixe a vida me levar”; “quero mais é ser feliz, beber muito com meus amigos pois posso morrer amanhã”; “não quero virar um fanático”; “não parei pra rezar hoje, estava numa correria só”; “não tenho vontade de fazer nada”; “hoje não deu pra fazer o Evangelho no Lar, faço na outra semana”; “quando voltar as reuniões no centro eu penso nisso”; “acho que já faço a minha parte quando sou chamado”; “estou com tantos problemas que fico tão cansado”; “não sou muito chegado a ler, essa parte de estudo é mais enjoada”; “parece que ninguém lembra de mim”; “acho que meus guias me abandonaram”; “vou dar só um teco mas não vou me viciar”; “só vejo falsidade a minha volta”; “acho que fizeram uma macumba brava pra mim e não estão nem vendo”; “quando estou de férias não quero saber de nada”; e... assim adiante.

Percebi ontem, mais do que nunca, que “os Céus não param”, mas nós paramos e muitas vezes ainda aumentamos a carga de trabalho Deles. Então qual seria a nossa parte? Entendi que, mesmo não presente fisicamente, devemos estar “ligados” espiritualmente e essa atitude não pode ser para amanhã, mas ela é o todo nosso de cada dia. Cabe a nós lembrar que permanecemos em conexão, que os nossos “fios” não desligam e que somos nós que potencializamos as forças astrais ou minamos os fluídos energéticos. Longe da cômoda desculpa do fanatismo, “estar ligado” é lembrar que somos parte de um todo e que quando assumimos uma Religião em nossas vidas (seja qual for a que elegemos), dizemos sim a seus Fundamentos, Princípios, Prescrições, Código, Dogmas, Ensinamentos, entre outros. Também não é achar que podemos apartar nossa vida humana – e que as vezes chamamos de material – de nossa vida espiritual, assumindo uma rotina em que separamos os momentos em que estamos vivendo para o corpo e os momentos em que vivemos para o espírito.


Tudo que nos constitui enquanto pessoa humanizada, encarnada é tridimensional, ou seja, não há “vida” no corpo sem o espírito e não há espírito em vida humana na Terra sem o corpo, assim como, não somos “animados” sem a alma. Desta forma, estejamos onde estivermos, fazendo o que estivermos fazendo, somos CORPO, ALMA e ESPÍRITO e cada um desses entes influencia-se mutuamente.

Se trouxermos isso como VERDADE pra nossa vida diária, seremos naturalmente gratos antes de maldizermos a vida; respiraremos o primeiro hálito do dia, ao abrirmos os olhos, conectados ao magnetismo energético que pulsa junto a nós, através das Fortalezas Orixaicas que emanam da natureza; buscaremos a tolerância para com o outro; afastaremos os pensamentos que abaixam nossa frequência vibracional, potencializando os que elevam nossa faixa vibratória e nos colocam em dimensões isentas de obsessões negativas; usaremos da caridade como prática diária, no ouvir o outro, no alimentar o outro com palavras gestos, no aconchegar o outro, agasalhando sua alma; não seremos desanimados para dar o primeiro passo; reservaremos momentos para orar, mas não exclusivamente para nós; faremos todas as nossas tarefas e viveremos cada um dos nossos momentos de alegria, tristeza, dor, prazer, afeto, encontro, desencontro, trabalho, lazer, estudo, TRIDIMENSIONALMENTE...

Vida com VERDADE é quando vivemos na prática aquilo que acreditamos e/ou que propagamos aos ventos com palavras...


Como uma última lição na noite de ontem, o Espírito Amigo, ao falar do valor das diversas religiões e do cuidado que precisamos ter para não cedermos a idéias pré-concebidas sem o devido esclarecimento, nos brindou com uma explicação sobre os muçulmanos e a religião islamita. Falou da importância e valor de seus Fundamentos e do quanto é mal entendida e mal interpretada por aqueles que são levados, segundo ele, por interesses outros e passam a se manifestar em células dissidentes, que de longe, não podem ser consideradas como representativas do Islã e do que nos legou o profeta Maomé. Quando explicou os pilares do Islã destacou Fundamentos que também estão presentes na nossa crença Cristã e entre estes, falou também das cinco orações diárias em que os islamitas devem se recolher voltados geograficamente para o mesmo lugar (Meca), no mesmo horário (seja que fuso horário for), proferindo as mesmas palavras. Nesse momento percebi a grandiosidade desse ato, que segundo ele, é hoje na Terra, a maior corrente e conexão fluídica de uma comunidade religiosa e que nós não temos ideia do que é potencializado no Astral com tal preceito. Percebi que nós cristãos, estamos longe de alcançarmos tal magnitude. Nossa rebeldia, indolência e pouca disciplina, ainda é nossa prioridade...

Aprendi que mais valoroso é o pouco que fazemos a cada dia e não o muito em um único dia.

Claudia Conte dos Anjos Lacerda
Sacerdotisa Maior e dirigente da Casa Amigos da Paz – Comunidade Espírita Legião Azul

(Imagens: disponíveis na Internet: google.com)