Saudações diversas para uma mesma Força, um mesmo Orixá.
Hoje, dia 20 de janeiro é comemorado o mártir São Sebastião e, em especial,
pelo sincretismo religioso, homenageamos Oxossi, o Orixá patrono dos Caboclos
que têm como habitat as matas. Como elemento, Oxossi é senhor da Terra, do Ar e
das Águas. Para os Iorubás é chamado de Odé, que quer dizer “Caçador”, sendo
então Oxossi o guardião dos caçadores que “caçam” para obter o sustento para
sua família. Vale ressaltar que nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além disso, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Essa origem faz de Oxossi o "Orixá Caçador" responsável pela transmissão do conhecimento, representando a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.
Mas
pensar num Orixá caçador é também pensar numa força mutável, que está sempre em
busca, sempre a procura de algo e assim Oxossi não espera uma situação
acontecer, ele vai atrás de seus objetivos. Podemos traduzir essa energia na
palavra “dinamismo”, já que Oxossi está sempre pronto para a “caça”. Mas o que
seria no Mundo da Espiritualidade, entre os trabalhadores do Astral Maior essa “caça”?
Podemos dizer que Oxossi é também conhecido como “Doutrinador”, pois é o Orixá
que com seus Caboclos aplica a disciplina da Lei, doutrinando as almas
submissas e as levando a iluminação – tarefa esta que rendeu o título de “Caçador
de Almas”.
Oxossi é o arquétipo
daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, que tem
iniciativa para novas descobertas ou novas atividades, mas com
responsabilidade, buscando sempre cuidar dos seus. A caça é a metáfora para o
conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxossi
acerta seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino,
da cultura, da arte.
Conta a lenda que no
princípio eram só os céus e oceanos até que o grande Olurum, Senhor do
Universo, fez surgir a lama e o planeta se dividiu em terras e águas. Do amor
de Oxalá (céu) e Nanã (lama) nasceram todos os Orixás. Exu foi o primogênito e
com sua rebeldia e comportamento conturbado, libidinoso e violento, levou Nanã
a deixá-lo sozinho na terra, indo ela morar nos mares com os outros
filhos/orixás, onde passou a reinar como Iemanjá. Mas como toda mãe zelosa,
mesmo de longe, não deixou de olhar por seu filho que ficou na terra, a exemplo
do movimento de vai e vem das marés na praia. Ocorreu que mesmo sem o
consentimento da mãe, Oxossi, curioso e atento, cheio de si, quis ter com seu
irmão Exu na terra. Quando soube, Iemanjá mandou que Ogum fosse buscar seu
irmão na terra e este, obediente e valente foi ao encontro de Oxossi, mas
deparou-se com o irmão encantado pelas matas das terras de Exu. Feliz com a
vida na floresta, Oxossi chamou Ogum para também voltar a morar na terra. Mas
Ogum voltou às águas e por influência de Exu, disse a Iemanjá que não encontrou
Oxossi e desde então, passou a viver hora com a mãe nos mares e hora com o
irmão nas matas.
Transmitir uma lenda é, de
certa forma, vivenciar uma poesia, aprender e descobrir os fundamentos e
origens de uma maneira especial, que nos atinge além da nossa racionalidade,
pois acessa nossa memória emocional, nos conduz numa jornada sensível e nos faz
viajar, através de nosso inconsciente, à nossa própria origem. Ajuda-nos a
compreender a relação entre as energias, os elementos, as fortalezas, os
domínios da natureza e tudo mais que se movimenta a nossa volta e nos
influencia, seja na terra ou nos astros.
E no ano de 2015 todos
esses arquétipos aqui citados estarão muito presentes em nossas vidas, pois os
Orixás que regem o ano em primeira instância são exatamente os irmãos Oxossi e
Ogum; tendo em segunda instância, Iemanjá como grande mãe zeladora e Oxum como
parceira/esposa de Oxossi e; em terceira instância, Exu na sua ambigüidade,
como o que influencia os pensamentos e incita o individualismo, pelo espírito
desafiador, puxando para a terra, pelas vontades humanas, acelerando os fazeres
dos homens, ao mesmo tempo em que vem como “Mensageiro” e comandado dos
Exércitos de Ogum nas grandes batalhas, agindo na Sagrada Lei, na execução de
nossas ações – “quem plantou em 2014, colherá em 2015” – e por fim, Oxaguiã vem
apaziguando, através do seu “Exército da Paz”, distribuindo graças e atendendo
a pedidos que nos parecem impossíveis, com
a calma e a tranqüilidade do “senhor do pano branco”, garantindo assim a esperança em
dias melhores para o planeta e para a humanidade.
Conquistas
virão, mas tudo precisará ser com muito esforço, pois estaremos a todo instante
sendo confrontados com nosso eu, com nossos carmas, com a reação das nossas
ações. A Lei de Causa e Efeito regerá em plenitude e será o fiel de nossa
balança, tudo em meio ao borbulhar da grande transição planetária/espiritual e
a inegável e necessária evolução do planeta. Muitas poderão ser as ocorrências
limites em nossas vidas, seja no nosso núcleo pessoal de convivência, quanto em
nível local, regional, nacional e mundial. Ainda vamos conviver com extremos
climáticos, científicos, políticos, culturais, pessoais e a medida da nossa
resposta a todas essas intempéries será a medida com a qual vamos conquistar “dias
melhores”. Precisaremos da iniciativa e liderança de Oxossi – “quem sabe faz a
hora não espera acontecer” – da sua responsável curiosidade e busca pelo
conhecimento para que as consciências se abram; precisaremos da coragem de
Ogum, da sua dedicação, fidelidade, decisão, estratégias e domínios dos
caminhos; precisaremos também da amorosidade e acolhimento das “Senhoras das
Águas”, de Iemanjá/Nanã e Oxum, mas numa doçura lúcida, sem ilusão, a doçura de
quem ama de forma equilibrada, consciente de que não haverá mais espaço para o
amor impossível, para mágoas, ressentimentos e disputas infindáveis; e
precisaremos da paz de Oxalá, pela tolerância, o respeito às diferenças, a
solidariedade e gentileza uns para com os outros.
A Casa Amigos da Paz entra
o ano de 2015 com a responsabilidade e a graça de também ser regida pelos dois
grandes Orixás do ano: OXOSSI e OGUM. Teremos um ano de muito trabalho, de
muito aprendizado e de lutas e conquistas, em que cada dia será um novo
momento, em meios as “caçadas” e “batalhas” da vida. A partir de hoje, dia 20
de janeiro de 2015, é chegada a hora e assumimos oficialmente o primeiro nome
de batismo desta instituição religiosa, recebido há tempos atrás, quando ainda
nem um prédio tínhamos pra funcionar: “CASA AMIGOS DA PAZ – CAMPOS DE OXOSSI E
OGUM”.
Que as Fortalezas Maiores
nos abençoem e que Olorum Rei seja por nós!!!
Mãe Claudia dos Anjos
Sacerdotisa Maior e
Dirigente da Casa Amigos da Paz – Campos de Oxossi e Ogum
Comunidade
Espírita Legião Azul em Leopoldina – MG
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REFERÊNCIAS
- VERGER,
Pierre Fatumbi. Orixás, deuses iorubas na
África e no Novo Mundo – Salvador, Bahia, 1981.
- MACÊDO,
J. Carlos [médium] Cacau da Oxum Omin
Taladê Omã. “Cabana de Oxossi” de Olinda, Penambuco. Disponível em
Acesso: jan 2015.
- PEDREIRAS
Léo das. Blog Luz Divina/Blog Umbanda.
Disponível em Acesso:
jan 2015.
- MAKENA,
Mãe. Orixás regentes em 2015 – previsões nos
Búzios e Tarôs. Disponível em
Acesso: jan 2015.
- ___________.
Oxossi. Disponível em
Acesso: jan 2015.
- DEL
PEZZO, Pai Léo. Oxossi – o orixá caçador.
Disponível em
Acesso: jan 2015.
IMAGENS:
- Cris
Carnaval;
-
Arquivos disponíveis na internet: www.google.com.br
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