quarta-feira, 15 de novembro de 2023

15 DE NOVEMBRO - DIA NACIONAL DA UMBANDA

 SARAVÁ UMBANDA!!!!!


Hoje, assim como em todos os nossos dias, é dia de saudar a UMBANDA por tudo que ela é em nós e para nós e por ser dia 15 de NOVEMBRO, em que pela Lei nº 12.644, publicada no Diário Oficial da União, em 17/05/2012, foi instituído neste dia, o "DIA NACIONAL DA UMBANDA". E de onde veio a inspiração para esta data? Ela veio de um episódio ocorrido no dia 15 de novembro de 1908, na Federação Espírita de Niterói, que passou a ser considerado como o marco referencial que oficializou a Umbanda como religião no Brasil. Mas é importante destacar que não é este acontecimento e esta data que fizeram a Umbanda ser uma religião, ou que ela já não existisse antes como prática religiosa. O  que ocorreu foi que o acontecimento que ficou conhecido a partir dessa data, marcou a sociedade da época e levou ao reconhecimento público da Umbanda, em meio a tantas perseguições sofridas pelas pessoas e lugares que vivenciavam práticas religiosas de matriz africana. 

E qual seria então a origem da Umbanda? Diversas são as origens que podemos citar em relação ao nome, ao culto em si, aos fundamentos, ritualísticas, inclusive origens mais remotas, que transcendem o tempo e o espaço. Uma das origens seria há milênios, através de antigas civilizações e de continentes perdidos, pelas transformações do nosso planeta, a Lemúria, que seria conhecida como o 3º continente, que abrangia o continente Africano e as Américas, em um só território, sendo um berço raiz civilizatório do planeta. Do Continente Lemuriano, depois de muitas modificações, surge Atlântida, uma civilização evoluída, o continente perdido, que submergiu no grande dilúvio, há mais de 9 mil anos antes de Jesus Cristo. Dos que sobreviveram ao afundamento do continente, os chamados "herdeiros de Atlântida", grande parte se instala no que hoje conhecemos como Egito e tem suas histórias desenvolvidas nas histórias mais remotas dos faraós. O centro do continente Lemuriano, teria sido a região central do Brasil, onde é hoje o Planalto Central e a língua da época, teria sido o tronco da língua tupy, dos povos originais do Brasil e da América Central, o chamado "Caminho Remanescente", da onde há milênios a Umbanda se origina, como a "Palavra Pedida de Agartha". 

Outra referência citada em alguns registros, coloca a palavra Umbanda como originária do idioma Sanscrito, que como língua tem origem desconhecida, mas sabe-se que é falada por algumas pessoas na Índia e que teria sido introduzida lá pelos guerreiros Arianos, provenientes da Ásia Central, por volta de 1.900 a 600 anos antes de Cristo. No idioma Sanscrito, o sentido da palavra Umbanda seria: "aum" = a Divindade Suprema; "ban" = conjunto ou sistema; "dhã" = regra ou lei; "Aumbandhã" = conjunto ou princípio das Leis Divinas. A referência do nome advindo do Sanscrito se popularizou e assim passou a ser utilizado como origem, a partir de 1941, no 1º Congresso de Espiritismo de Umbanda no Brasil, tendo como base, as "Upanishads", textos sagrados da Índia, escritos em Sanscrito.

Ainda em relação a palavra, temos outra referência que traz a origem africana, como sendo o termo originário da palavra "embanda", da língua quimbunda de Angola, significando "magia", "arte de curar". Ainda na origem africana, também vamos encontrar a palavra "mbanda", significando também "a arte de curar" ou ainda "o culto pelo qual o sacerdote curava" e "o Além, onde moram os espíritos". Essa versão foi ocultada por muitos anos e pouco comentada, mas tem sido mais presente entre as discussões sobre a religião, se destacando para nós como referência do afrocentrismo em oposição ao eurocentrismo. 

Em relação ao dia 15 de novembro, sobre o evento que marca o que muitos consideram como o nascimento da Umbanda como religião, o marco referencial foi a chegada daquele que se autodenominou "Caboclo das Sete Encruzilhadas", na sede da Federação Espírita de Niterói, através de um rapaz de 17 anos chamado Zélio Fernandino de Moraes. Ao se manifestar, o espírito, a princípio rejeitado pelos que dirigiam aquela sessão, que achavam estar diante de espírito atrasado, ou até mesmo um perturbador, recebem entre as respostas do mesmo o seguinte anúncio:

"Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho (o médium Zélio) para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem saber o meu nome, que seja este: 'Caboclo das Sete Encruzilhadas", porque não haverá caminhos fechados para mim. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos."

O jovem Zélio até então, pouco sabia sobre "manifestações espirituais", se preparava para ingressar na Escola Naval quando foi acometido por sensações que o levavam a mudar seu comportamento e que a família chegou a chamar de "ataques", tendo até mesmo alguns médicos sugerido que poderia ser um quadro de loucura. Mas a partir daquela data, um novo caminhar se abre na vida daquele rapaz e no dia seguinte, na casa de sua família, conforme anunciado no dia anterior, pontualmente as 20 horas, o "Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporou em Zélio e reafirmou: 

"Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, a raça, credo ou posição social. 'A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto'."

A partir da propagação desse evento, a Umbanda veio ao longo dos anos se fortalecendo ainda mais, ganhando espaços, sendo reconhecida como religião, os praticantes foram se organizando entre si, buscando a legalização de seus espaços religiosos, surgem as chamadas Federações de Umbanda, como a União Espírita de Umbanda do Brasil (UEUB), uma tentativa de unificar as práticas religiosas e também com o propósito de assessorar juridicamente e legalmente os templos de fé, uma vez que, era muito comum, que os templos fossem invadidos pela polícia, com acusação de vadiagem, conforme artigo do próprio Código Penal Brasileiro da época, levando muitas Casas a exibirem seus alvarás nas paredes e seus livros de registro da instituição social e filantrópica, que tinha como fundamento, a pratica da caridade, da assistência social, estabelecendo três conceitos básicos: Luz, Caridade e Amor. 

Imagem: Símbolo criado pela Associação de Umbanda Caxias (AUC), para representar a  Bandeira Nacional da Umbanda, formado por um sol que representa a Luz Divina e um espectro humano saindo do núcleo solar, simbolizando a caminhada cósmica do ser humano rumo à sua evolução espiritual.

Quando analisamos todo esse percurso, as diversas origens e defesas de cultos na Umbanda, em meio a tanto preconceito às práticas africanas, pelo racismo impregnado e institucionalizado, percebemos que alguns dos movimentos podem ser considerados como uma tentativa de "embranquecimento" da Umbanda. Durante muito tempo, ouvimos expressões como "Umbanda Branca", em comparação a prática de alguns Terreiros, criticados por não se encaixar num modelo que foi proposto e que não funcionou, porque a própria natureza da Umbanda é a liberdade, a diversidade e o movimento. Podemos dizer que vivemos uma dicotomia, a Umbanda, tendo em seus trabalhos, as manifestações de Pretos Velhos, Exus, Caboclos, entre outras Entidades Populares, é ao mesmo tempo negada na sua origem africana e sendo colocada numa classificação de um espiritismo inferior, em comparação a doutrina espírita e ao mesmo tempo, é louvada por muitos os que a procuram nos seus processos de cura e busca de equilíbrio. 

Não podemos negar que em solo brasileiro a Umbanda foi se constituindo, evoluindo junto com nossa própria história, se fez carregada de elementos da cultura e ancestralidade africana, de uma população que forçadamente foi retirada de seu contexto de vida e colocada aqui sem direito ao seu próprio culto religioso, originários de vários povos com seu diversos fundamentos, Angola, Nagô, Banto, Malê. Subjugados a uma catequização Católica, foram naturalmente sincretizando suas crenças e aos poucos foram agregando as culturas e ancestralidade dos povos originais do próprio solo Brasileiro. Assim, Áfricanos, Indígenas, Europeus vão se encontrando e se desenvolvendo na Umbanda, Sagrada em sua origem, prática, existência e resistência. Umbanda que inclui e evolui, nos ensinando diariamente, com toda sua imensa orbe de falangeiros, trabalhadores que não fazem distinção de cor, de costume, de condição social, de lugar, de tempo, de condições de trabalho. Fazem muito, seja num pequeno Gongá, num quartinho simples, ou numa grande tenda; onde precisar, a Umbanda está. 

Em meio a essas discussões e reflexões, duas questões entendemos ser básicas: (i) o dia 15 de novembro de 1908 não é a fundação da Umbanda, ou seja, ela não passa a existir a partir desse dia, já existia; (ii) o evento desse dia, foi importante para abrir espaço, que nos foi negado pelas classes dominantes, que até então, não reconheciam como religião manifestações outras, originárias dos negros ou indígenas, que tinham seus cultos vistos como algo exótico, no uso de magias, pajelança. O respeito como religião era direcionado as denominações Cristãs, ao Judaísmo, a algumas práticas orientais / asiáticas e Indianas e ao Islã. Na questão do mundo oculto, da vida após a morte, da comunicação com espíritos, ao contrário do que acontecia com os cultos afros e indígenas, o Espiritismo, codificado pelo francês Allan Kardec, que foi por muito tempo considerado não como religião, mas como filosofia e doutrina de vida, mesmo enfrentando alguns questionamentos, se estabeleceu sendo respeitado na sociedade, principalmente pela vocação filantrópica de seus adeptos. Pode não ter sido este o percurso que foi almejado ou sonhado para o reconhecimento da Umbanda como religião, mas foi o caminho possível de se trilhar e hoje, somos muitos! 

O entendimento da história da humanidade entre os tempos é de fundamental referência para que possamos entender nosso próprio percurso histórico e assim, defendermos nossas bandeiras e crenças com consciência e não repetindo o que tentam nos impor como verdade, num mundo de crenças impregnadas de preconceitos e paradigmas de classificação social e étnica.

E voltando para a nossa Umbanda, podemos dizer que: Umbanda é filosofia de vida e é religião, que carrega a bandeira branca da Paz e do Amor como alicerce maior, tendo na simbologia de Oxalá, o grande Pai, que acolhe a todos. Essa é a grande proposta da Umbanda: acolher a todos sem distinção, seja na terra ou no céu, sem diferenças, sem preconceitos, sem precisar perguntar de onde as pessoas vieram, mas simplesmente abrindo os braços e acolhendo na diversidade de cada um, agregando pessoas, crenças, etnias, cultos, símbolos, rituais...

Não se discute a UMBANDA, vive-se a UMBANDA, onde "TODOS SOMOS UM", através da prática do AMOR, que respeita, que tolera, que compreende, que abraça e canta:

 

________________________________________________________________________

Texto: Iyá Claudia, Sacerdotisa e dirigente da Casa Amigos da Paz - Comunidade Espiritualista Legião Azul, em Leopoldina, MG

REFERÊNCIAS:

BRASIL, Lei nº 12.644, de 16 de maio de 2012. Diário Oficial da União de 17/05/2012.
Umbanda. Disponível em <https://www.tvcorm.com.br/historia-da-umbanda> Acesso em Nov. 2023.
O Nome da Umbanda. Disponível em: <www.acentelhadivina.com.br/o-nome-umbanda> Acesso em Nov. 2023 
Origem da Umbanda. Disponível em: <www.paijaco.com.br/origem-da-umbanda> Acesso em Nov. 2023.
Umbanda. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda> Acesso em Nov. 2023. 
15 de Novembro de 2017 - 109 anos do advento que oficializou a Umbanda no Brasil. Disponível em: <https://casaamigosdapaz.blogspot.com/2017/11/15-de-novembro-de-2017-109-anos-do.html> Acesso em Nov. 2023. 
Acervo próprio da Casa Amigos da Paz

Imagens: Google 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

2 DE NOVEMBRO - DIA DOS MORTOS (FINADOS)

O "Dia dos Mortos" (Finados) é um dia para buscarmos uma frequência vibracional de paz, misericórdia, compaixão, evitando sucumbir a egrégoras de tristeza profunda e mágoas ou revoltas. Lembrem-se que saudade é sentimento que habita em todos que amam e não há mal em sentir, desde que não venha como a camuflagem de uma melancolia que pode nos desequilibrar. Se queremos que as pessoas que amamos e que já partiram para o Mundo Maior estejam bem, precisamos também que nosso próprio estado de ser seja bom, sintonizado com serenas vibrações de positividade.
Esclarecemos que como este é um dia lembrado por muitos, mundo a fora, forte é o sentimento que se plasma na forma de condolência, de reflexão, de lembranças, de saudade..., nos aproximando aos que já desencarnaram. Da mesma forma, muitos espíritos, que carregam consigo as lembranças da Terra e desta data fixada em seus pensamentos, clamam auxílio para estarem próximos também de nós, como uma chance de “ver” e “sentir” como estamos. Por isso, demonstrar que lembramos, direcionar preces e boas vibrações é de grande valia! Volto a dizer, não para sofrer, mas para vivenciar momentos de carinho e zelo.
Se buscarmos na essência de nossas crenças, encontramos dois pontos a destacar para esse cuidado: (i) Se somos cristãos e sendo essa uma data cristã, comungamos da energia e vibração de toda a Comunidade Cristã assimilando em nossos fazeres os costumes e ritos desta crença; (ii) Se praticamos culto de Matriz Afro-Brasileira, o dia de hoje é um dos dias dedicados ao Orixá Obaluaê/Omolú e a ele, devemos nosso respeito, no reconhecimento de seu AXÉ, como o grande Senhor da Terra, aquele que leva as doenças de volta a terra, que renova, que nos prepara para a reencarnação, regendo a reconstrução dos corpos, como agente cármico a que todos os seres vivos estão subordinados.
“Omolú é o Orixá que rege a cura profunda, perene, espiritual, nos ciclos de existência humana e se pronuncia em todo o período em que ficaremos encarnados. É o Orixá da misericórdia e temos em Jesus – o Mestre, o Grande Curador Crístico – o maior exemplo desta vibração cósmica. Está presente, através de seus legionários (Exus), nos leitos dos hospitais e nos ambulatórios, nos leprosários e oncologias, auxiliando os profissionais de saúde e também aliviando a carga pesada dos médiuns em seus trabalhos. Conhecido como médico dos pobres, é o grande curandeiro da Umbanda, é o Orixá ‘patrono’ da Linha das Almas, nossos amorosos Pretos Velhos. São os falangeiros de Omolú que não permitem a vampirização no duplo etéreo dos que estão em processo de desencarne, como também os recém desencarnados” (PEIXOTO, 2016, p.91).
Algumas Casas de culto ou de tradição Afro-Brasileira celebram em rituais e festas Obaluaê/Omolú no dia 2 de novembro ou em data próxima a esta.
Busquemos este AXÉ, pelo nosso direcionamento vibracional, pela vênia a nossa ancestralidade, pelo amor Crístico e pela consideração aos que, ainda ligados a nós, se encontram no Plano Astral.
Iyá Claudia
Mukuiu N' Zamby!
Kolofé Olorum!
Motumbá Axé!
Saravá!
Namastê!
Deus abençoe!

Imagem: Google